A leitura e a escrita procedem de certo tipo de desobediência da linguagem. Se a linguagem não desobedecesse e se não fosse desobedecida não haveria filosofia, nem arte, nem amor, nem nada. A linguagem também pode ser uma forma de detenção, uma pausa que sirva para habitar tempos em parênteses, que nos vincule mais à intensidade do que à fatalidade do irremissivelmente cronológico. Não se trata tanto de um ensino a propósito de como se deveria viver, mas de como colocar em jogo a transmissão da experiência e do mundo de um tempo a outro tempo. Educar é comover. Educar é doar. Educar é sentir e pensar, não apenas a própria identidade, mas, também, outras formas possíveis de viver e conviver. Se isso não acontecesse nas escolas, provavelmente o deserto, o ermo, a seca, ocupariam toda a paisagem dos tempos por vir.
Desobedecer a linguagem. Educar
Autor
Carlos Skliar
Año
2014
Editorial
Autêntica Editora